domingo, 24 de abril de 2011

*Resenha* Minha Vida de Menina - Helena Morley

Sinopse


Muito mais do que o diário de garota de província no final do século XIX, Minha Vida de Menina antecipa a voga das histórias do cotidiano ao traçar um retrato vital e bem-humorado do dia-a-dia em Diamantina entre 1893 e 1895.

Publicado pela primeira vez em 1942, o livro é um painel multicolorido daquele momento histórico singular no Brasil, com o sabor e a vivacidade de um diário de adolescente.



Helena Morley era o pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant. Nascida em 1880 em Diamantina, Minas Gerais, Alice escreveu um diário durante seus anos de infância e adolescência, retratando uma época onde a escravidão acabara de ser abolida e os primórdios da República. Com uma linguagem sincera e divertida ela descreve o processo de inovações tecnológicas e a vida na mineração e retrata a formação de uma mulher, seus gostos, personalidade e as relações com a família e amigos.


O livro é muito bom de se ler. Me identifiquei muitas vezes com os pensamentos de Helena, afinal de contas é o diário de uma menina se transformando em mulher e, mesmo se passando entre os anos de 1893 e 1895 (há mais de um século atrás), acredito que certas coisas nas infância e na adolescência, sobretudo na formação e na cabeça de uma garota que continuam as mesmas ou ao menos parecidas.


Incentivada pelo pai a escrever seus pensamentos em um caderno, Helena conta histórias engraçadas e tristes do cotidiano, conta coisas que não conta a mais ninguém, a não ser talvez sua avó, e as relações entre os amigos e a família, regida pela matriarca, Teodora. As festas religiosas e o racismo cordial estão muito presentes em seus relatos, já que fazia parte de uma família extremamente católica e de ter presenciado a época em que a ‘Lei Áurea’ de 13 de maio libertou os escravos.


Terna, vivaz e inteligente, a despeito da opinião da autora sobre si mesma, a escrita de Helena despertou dúvidas sobre a idade da autora ao escrever os diários. Guimarães Rosa, suspeitando de que tenham sido redigidos já na maturidade da autora, contestou que não conhecia em nenhuma outra literatura “mais pujante exemplo de tão literal reconstrução da infância”.
Na minha opinião a vida de menina de Helena Morley enquanto era de fato uma menina e que tal valor literário e histórico se deve a um talento nato para a escrita e concordo com a afirmação de uma querida professora minha de que ela poderia ter sido a Jane Austen brasileira, se houvesse tradição feminina na nossa literatura.



*Mais*


Estou escrevendo uma coluna para o blog Bookworms sobre literatura comparativa. Comparando clássicos (conhecidos ou não) com livros mais atuais ou leves, como forma de nos aproximar dos clássicos sem medo ou receio. No post de estréia, comparo ‘O pardal é um pássaro azul’, de Heloneida Studart, e ‘Minha Vida de Menina’, de Helena Morley.
Vale a pena conferir!












Um comentário:

  1. Fico feliz que você tenha gostado e esteja escrevendo sobre um de meus livros preferidos, e o favorito de minha mãe, que viveu não muito longe de Diamantina, em Bocaiúva, onde ela foi criança nos anos 40, e a vida não era tão diferente da de Helena Morley.

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