quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Uma história de amor.

Os dois se gostavam muito. A menina era um pouco tímida, e nunca tinha coragem de conversar. O menino era mais aberto, mas tinha medo de sua reação. Não sabia muito bem o que dizer, ficava em dúvida sobre os seus próprios sentimentos, e ainda mais sobre os sentimentos da menina. Os dois queriam se aproximar, mas só estavam se afastando cada vez mais. Era como um eterno jogo de gato e rato, mas eram um gato e um rato diferentes, que gostavam um do outro mas que insistiam em fugir. Talvez porque seu instinto natural lhes dissesse pra fazer isso. Era quase como uma reação para fugir dos seus próprios medos. Ambos eram muito inseguros, ambos tinham vontade de chegar perto um do outro, mas, ao mesmo tempo, tinham temores que, na maioria das vezes, acabava superando essa vontade. A menina o olhava de longe, ele sorria. Ela desviava o olhar e nunca passava disso, e esse joguinho meio engraçado era pouco demais pra ambos. E os deixava frustrados demais pra que simplesmente parassem por aí.

O menino, um dia, resolveu tomar uma decisão. Estava fazendo Sol, o dia brilhando como sempre. Porém, ele resolveu torná-lo diferente de todos os outros. Se arrumou pensando no seu sorriso, tomou banho lembrando de seu olhar. E chegou ao colégio determinado. Dessa vez, ia mesmo dizer o que sentia, doesse a quem doesse.

Caminhou pelo corredor a passos firmes, disposto a irromper por aquela sala dizendo aquilo que não mais podia conter dentro de si. Mas... ela estava ali. Ali perto, podia sentir seu perfume adocicado e juvenil, quase podia sentir seu sorriso tímido escapando por pequenos suspiros. Ela estava conversando com alguém... Não estava só. O menino sentiu um aperto, mas não soube muito bem como explicar. Quando se aproximou, a viu em frente à sala. Ela não estava mesmo sozinha.

- Você fica linda sorrindo desse jeito. Ainda mais quando está sorrindo pra mim. - A menina sorriu novamente, parecendo pensativa. O menino sentiu o peito doer mais, e, quando ela o viu, se afastou do outro garoto. Ele a olhou com seus olhos verdes e profundos, meio em dúvida. Deu de ombros e foi embora, como se estivesse atrasado. As aulas começavam em cinco minutos, e, de repente, tudo que nenhum dos três queria fazer era permanecer por ali. O clima se tornou desconfortável.

- Por que fez isso comigo? - O menino apaixonado perguntou. Não, não o outro, dos olhos verdes. Esse não era apaixonado, quem sabe uma quedinha, talvez? Mas o menino apaixonado levou a sério. A menina abaixou o olhar, tímida como sempre, e tentou fugir. Mas ele a segurou de leve pelo braço, e ela suspirou. Sentiu um estremecimento e encostou sua cabeça em um dos ombros do menino.

- Eu gosto de ti. Mas a vida segue, não é mesmo? Vamos seguir em frente. Se é pra ficar nesse compasso, nesse jogo de acredita e foge, vamos procurar alguém que nos complete, e não que seja tão igual a nós mesmos, que não consigamos avançar com nada disso. É melhor assim, não acha? - Ele nada fez. Não disse uma só palavra, pois sabia que iria acabar implorando por seu amor, e tinha lá seu orgulho. Caminhou lentamente até a sala, finalmente soltando seu pulso e lembrando de um sabor que nunca havia sentido. Imaginando como seria o gosto de seus lábios.

Sem poder se conter, deixou que ambos se aproximassem e lhe presenteou com um beijo, nervoso, caloroso, incontido. Era o primeiro e o último beijo, o conhecer e a despedida. Pena que havia sido tão rápido. E foi naquele momento, que ele expressou em palavras a maior verdade que um dia poderia dizer.

- Eu te amo. - A menina arfou com suas palavras. Tentou se aproximar para mais um beijo, mas ele fugiu. Entrou na sala, sentou-se na carteira e não conseguiu distinguir uma só palavra que qualquer um daqueles professor tentava explicar. Só conseguiu lembrar-se dos seus lábios. E de como eles pareciam ter sido feitos um para o outro.


Letícia *:

Um comentário:

  1. meu deus
    que texto perfeitoooo.

    "Ambos eram muito inseguros, ambos tinham vontade de chegar perto um do outro, mas, ao mesmo tempo, tinham temores que, na maioria das vezes, acabava superando essa vontade. A menina o olhava de longe, ele sorria. Ela desviava o olhar e nunca passava disso, e esse joguinho meio engraçado era pouco demais pra ambos."
    isso é muito verdade.
    Eu não sei quem escreveu, mas deve estar apaixonada.

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