terça-feira, 3 de maio de 2011

*Arte* Hieronymus Bosch

Hieronymus Bosch nasceu por volta de 1450 na província holandesa do Brabante Setentrional, muito provavelmente na pequena cidade de 's-Hertogenbosch, da qual é quase certo que derivou seu sobrenome artístico.Acredita-se que a família era originária de Aachen, na Alemanha, conforme sugere o sobrenome, e estabelecera-se na Holanda ainda no início do século XV. O pai de Bosch, Anthonius van Aken, era pintor, assim como o avô, Jan, dois ou quatro tios, o irmão Goossen — que herdou a oficina paterna — e uma irmã (Heberta ou Katherine).

Tratando-se de sua vida artística, Bosch, em todas suas obras retrata as conseqüências que a alma humana em decadência proporciona e suas punições. A maior parte de suas obras está localizada em Madri, no Museu do Prado. Muitas de suas obras não existem mais, ou estão danificadas. Há registros de que Filipe, o Belo, de Borgonha encomendou um altar denominado 'O Céu e o Inferno' a Bosch, e Filipe II era colecionador das obras do pintor, por isso o grande numero de obras na Espanha.



Na trabalho de Bosch, a crença medieval na proximidade do juízo final, o medo do fim do mundo, a punição do Inferno tornam-se quase palpáveis, reais, apesar das criaturas fantásticas, pois ele explorava a alma humana, seus defeitos, obscuridades e pecados, em busca de seus medos para representá-los de forma real e quase onírica ao mesmo tempo. Bosch demonstra minúcia ao desenhar e colorir, usando suas habilidades criou uma série de obras com um tom de sátira e moralismo, os pecados e temores religiosos que atormentavam o homem medieval e não de exaltação aos prazeres da vida terrena como é muito comum se acreditar nos dias de hoje.



As figuras fantásticas em suas pinturas são consideradas, hoje em dia, oníricas, alucinatórias e até surreais, porém cada uma delas contém um significado codificado em seu próprio tempo (alguns foram decodificados, outros ainda são um mistério), que eram compreendidos por um círculo de pessoas da época em que foram pintados. Apesar de algumas criaturas do imaginário de Bosch nunca terem sido vistas ou comentadas, antes ou depois dele. Carl Gustav Jung se referiu a Boch como o descobridor do inconsciente, embora cada uma de suas criaturas assustadoras, surreais e bizarras tenha seus significado intrinseco, levando em conta uma época em que as coisas costumavam ser 'ditas' através de simbolismo. Alguns acreditam que tal denominação empregada por Jung não se aplica, dado o fato de que Hieronymus Bosch precedeu a Psicologia e a Psicanálise, mas me pergunto... O 'inconsciente' foi inventado pela Psicologia ou apenas descoberto? Caso a resposta seja a primeira alternativa, as pessoas que viveram antes desse tempo não possuiam inconsciente? Se possuiam, as manifestações do mesmo eram impossíveis de se darem através das artes? Se possíveis, o incosciente do supra mencionado artista deste artigo não poderia ter se 'mostrado' em sua obra sem que o próprio tenha se dado (já que o nome é INCONSCIENTE)? Como interessada em Psicologia e , especificamente Psicanálise, acho a questão extremamente interessante e plausível, porque nos é dada a oportunidade de estudar a mente de alguém, um artista (maravilhoso, diga-se de passagem!) que viveu há muitos anos.

"A nau dos loucos" - Museu do Louvre




"O Jardim das Delicias" - Museu do Prado


Voltando a análise das obras, dentre todas elas, a principal é sem dúvida 'O Jardim das Delícias' que descreve a história do Mundo a partir da criação, apresentando o Paraíso terrestre e o Inferno nas abas. Ao centro é representada uma celebração dos prazeres da carne, com participantes desinibidos, sem qualquer sentimento de culpa ou pudor. A obra expõe ainda símbolos e atividades sexuais com clareza. Especula-se sobre seus financiadores, que poderiam ser adeptos do amor livre, já que parece improvável que alguma igreja tradicional a tenha encomendado. Ligada à "utopia" por um lado, mas representando o lugar da vida humana por outro, Bosch revela uma atualidade do seu tempo, dado que essa vida está entre o paraíso e o inferno como se conta no Genesis. O tríptico, quando fechado, apresenta uma citação transcrita desse livro: "Ele mesmo ordenou e tudo foi criado". Entre o bem e o mal está o pecado, preposição cristã. No jardim, painel central, representações da luxúria, mensagem de fragilidade nas envolvências das flores em vidro, refletem um caráter efêmero da vida, passagem etérea do gozo, do prazer. E "Utopia", porque transcreve de modo imaginário na imagem um "real", que mais se aproxima do surreal, e representa, mesmo que toda a sociedade e a cultura Ocidental estejam marcadas por essa estrutura, uma história “utópica” do seu tempo.


Bibliografia

“História da Pintura Ocidental:Um guia para jovens”
Juliet Heslewood

“As tentações: Um escritor:Antonio Tabucchi,Um pintor:Hieronymus Bosch”

“A obra de pintura:Bosch”
Walter Bosing

“A História da Arte”
E. H. Gombrich

“Para entender a Arte”
Robert Cumming

“Breve História da Arte”
Fritz Baumgart

“História da Arte”
Graça Proença

“História da Pintura:do Renascimento aos nossos dias”
Anna-Carola Kraube

“Vida e Obra de Hieronymus Bosch”
Trewin Copplestone

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