quarta-feira, 27 de abril de 2011

'Os sofrimentos do jovem Werther' - Johann Wolfgang Goethe

Sinopse

A literatura alemã divide-se em antes e depois de Os Sofrimentos do Jovem Werther, que chega às livrarias brasileiras nesta nova e brilhante tradução de Marcelo Backes.Ao escrever Werther, em 1774, Johann Wolfgang Goethe alcançava sua primeira obra de sucesso e, de quebra, dava início à prosa moderna na Alemanha. Werther não é, simplesmente, um romance em cartas assim como Nova Heloísa de Rousseau ou Pamela de Richardson. Esta que é uma das mais célebres obras de Goethe é o romance de uma alma, uma história interior. Dilacerante, arrebatada é a história de uma paixão literalmente devastadora. Com enorme repercussão quando do seu lançamento, Werther foi um testemunho de como a literatura tinha poder de agir na sociedade. Não foram poucos os suicídios atribuídos ao romance. Johann Wolfang von Goethe nasceu em Frankfurt em 1749 e morreu em Weimar em 1832. Poeta, romancista, dramaturgo, crítico, estadista, tornou-se um dos maiores vultos do pensamento alemão, tendo influenciado várias gerações. Em 1775, a convite do Duque Carlos Augusto, foi administrador de Weimar, onde destacou-se brilhantemente como administrador, financista e estadista. Deixou vasta obra, onde se destacam, entre outras, Werther, Ifigênia, Elegias Romanas (poesia), Fausto, Teoria das Cores, Viagem à Itália, Poesia e Verdade.




“Não sou o único: todos os homens estão sujeitos a sofrer dores e desilusões, e ver seus sonhos frustrarem-se.”
Werther, pág. 101




Quem conhece um pouco a história desse livro sabe que um dos fatos ‘curiosos’ e aterradores em volta dele é que, à época de seu lançamento no século 18, causou uma onda de suicídios entre multidões de leitores, absolutamente identificados com o jovem Werther.



Gostei muito do livro apesar da tristeza e do desespero alucinado do personagem. Acredito que a capacidade de se identificar com um personagem ou com um sentimento que uma obra transparece é um dos determinantes de sucesso e apreço de um livro. O tema é muito complicado e controverso e acredito que identificação de fato seria no mínimo preocupante.



A taxa de suicídio no Brasil, dentre as três causas de morte violenta, foi a que mais subiu (17% na população total e na faixa etária de jovens entre os 15 e os 24 anos) no período de 1998 a 2008. Entre os índices mais elevados de suicídio encontram-se muitas áreas de assentamentos indígenas, como em Amambaí e Paranhos, no Mato Grosso do Sul, que são o topo da lista de suicídios da população total e Dourados no mesmo estado e Tabatinga, no Amazonas, que lideram a lista da população jovem, segundo o Mapa da Violência/2011, divulgado em fevereiro. Contudo, em comparação com outros países o nível de suicídios no Brasil é considerado baixo, ocupando a posição de número 73 na lista dos 100 países pesquisados, com o índice de 4,9 suicídios a cada 100 mil habitantes.



Apesar das estatísticas e do perigo de uma identificação exageradamente apaixonada como aconteceu quando o livro foi lançado, a própria história que inspirou ‘Os sofrimentos do jovem Werther’ (história real acontecida com o próprio Goethe, que se apaixonou por Charlotte Buff, que já estava comprometida e se casou com outro) mostra o outro caminho do sofrimento. Caso Goethe tivesse sucumbido do mesmo mal de seu intenso Werther, o mundo e a Alemanha teriam sido privados de obras como Fausto, Ifigênia e das cartas intensas e melancólicas do jovem Werther.



É impressionante a intensidade, subjetividade e cuidado da descrição, nas cartas do personagem ao amigo, como um jovem de espírito livre, intenso e com imenso apreço pela vida, a natureza e as pessoas sensíveis, vai se eclipsando e sendo engolfado pela iminência de uma decepção profunda: ver a pessoa amada se juntar a outra. A diferença das primeiras cartas para o período em que o noivo da doce Lotte retorna a cidade vai radicalmente se pronunciando a ponto de o jovem sensível e apaixonado de antes se tornar um pobre atormentado por todo e qualquer acontecimento infeliz ligado diretamente ou não a sua vida.



A leitura não é difícil, mas chega a ser aflitiva quando, se aproximando do clímax final o leitor sabe o que está por vir e alguns dos personagens também o sabem, mas espera e até deseja que haja um imprevisto, talvez alguma intervenção inesperada. Em livros assim, envolventes e intensos, é impossível deixar de torcer para um final diferente e acho que é isso que mantém um clássico: a leitura que se renova e provoca quem lê.



“A natureza humana – continuei – é limitada: podemos suportar a alegria, o sofrimento, a dor, mas só até certo ponto; quando ele é ultrapassado sucumbimos. Portanto, aqui não se trata de sabe se um homem é forte ou fraco, mas se é capaz de suportar a medida de seu sofrimento, seja moral ou físico. Considero tão absurdo dizer que um homem é fraco porque se mata quanto chamar de covarde aquele que morre de uma febre maligna.”
Werther, pág. 63




Fontes que ajudaram a escrever essa resenha:



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