O filme é muito tocante, mostrando a luta de um pai que, embora sua apólice indique que tem cobertura total o seguro se recusa a pagar uma operação muito cara de transplante de coração que o filho necessita. Aliás ainda há o absurdo de ser necessário também uma espécie de pagamento para que o menino simplesmente conste na lista para esperar um doador compatível.
Primeiro gostaria de esclarecer o significado de Ética. Segundo a Filosofia Moral, que estuda a moral e a ética, ética tem a ver com o que é 'bom', é um conjunto de regras de conduta de um individuo ou sociedade. Só pra deixar clara a diferença: moral é referente ao que é 'justo', conjunto de regras que determinam condições justas, equitativas, com respeito e liberdade para os indíviduos. Em suma, existem várias éticas, cada um tem a sua, mas a moral é o que possibilita que essas éticas convivam sem se sobrepujarem ou violarem.
Dito isso, parto para uma análise breve e simples (e mesmo leiga, já que não tenho formação em filosofia. Abordo o tema como curiosa e interessada) da questão ética no filme. A esposa exige que o marido faça alguma coisa para que o hospital não dê alta para o garoto por falta de pagamento. Num ato desesperado e irado o pai por sua vez toma de refém a ala emergencial do hospital, exigindo que o filho tenha o nome incluído na lista para o supracitado transplante. Obviamente a visão de ética do personagem foi turvada ou sofreu modificação pelas frustrações e injustiças que sofreu, levando-o a chegar às 'vias de fato', recorrendo a um ato de violência física e violação dos direitos (como a liberdade, por exemplo) de terceiros. Ou seja, ao filho dele foi negado um direito (direito a saúde e tratamentos que possibilitem a mesma), portanto, ele achou necessário 'negar' a outras pessoas seu direito a liberdade para que reassegurassem o primeiro.
É uma história bem complicada mas como expectadores onipresentes, sabendo da vida, da luta e da situação do pai, é quase automático nos simpatizarmos com ele e até procurar ver com bons olhos mesmo o crime que ele comete. Nos sentimos tocados também porque a história envolve a vida de uma criança, a ameaça a essa vida (já repararam que nos sentimos mais sensibilizados quando histórias extremas como essa envolvem a ameaça da vida de crianças?). Analisando isso tudo, damos a nós mesmos a explicação de que só concordamos com o modo como ele agiu (embora saibamos que não é 'correto', justo para outras pessoas envolvidas nessa equação) porque ele foi levado a isso por uma condição extrema, de 'vida ou morte', e que ele tinha 'boas intenções'. Se observarmos bem a sensação que temos assistindo a dilemas desse tipo é que nos sentimos obrigados a dar essas explicações a nós mesmos embora ninguém mais, a não ser nossa própria consciência digamos assim, está exigindo isso de nós. E é por isso que existe um dilema ético: embora o pai tenha infligido a moral (segundo a definição que vimos anteriormente), sentimos de que alguma forma o que ele fez, depois de todas as reviravoltas, se torna um ato ético (ele agiu de acordo com o que era certo e necessário para ele naquele momento).
Isso me leva a questionar um ponto e o deixo pairando na mente de quem lê como forma de reflexão interna: A ética é um elemento sujeito ao tempo, aos momentos e situações?
Fontes de informação para a escrita do texto:
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