segunda-feira, 20 de junho de 2011

*Arte* Gianlorenzo Bernini (1598-1680)


'Apolo e Dafne' (1622-5)

Gianlorenzo Bernini (1598-1680) foi um dos expoentes do Barroco.

Sempre houve no mundo da arte uma rixa muito comentada. Entre a pintura e a escultura qual cumpria com o supremo objetivo da arte de representar a beleza? Houve muitos bons exemplos que pendiam para os dois lados. Michelangelo por exemplo se destacou nos dois e tomo como exemplo a extremamente conhecida e admirada Capela Sistina e o seu inquietante Moisés esculpido para o túmulo do papa Julio II. Eu mesma sempre fui uma admiradora incondicional e apaixonada pela vitalidade e perfeição dos trabalhos de Michelangelo. Já conhecia e admirava um pouco do trabalho de Bernini, mas até o momento de realizar a pesquisa para escrever este texto eu não tinha idéia da sua genialidade!

Antes de Bernini, os escultores buscavam uma coisa: a imortalidade. Embora o mármore não dispusesse do recurso de cores que a pintura dispõe, os escultores acreditavam que esse material, enobrecido pela escultura clássica, tinha o poder de transformar a representação da humanidade mortal simples em algo mais belo e puro, mais próximo do divino. Bernini, com seus idéias supremos de semelhança não agradou logo de cara e seu trabalho foi muito criticado. A razão? Bem, o artista esculpia formas próximas do real demais, muito vivas, e os críticos na época acreditavam que essa característica retirava a nobreza do mármore que consistia no peso da pedra, na representação do ideal, do divino e não do homem como ele realmente é. Citando Simon Schama, autor de ‘O Poder da Arte’ da Companhia das Letras, Michelangelo esculpia homens-deuses, Bernini esculpia homens-homens.

'O martírio de San Lorenzo' (1613)

Filho de pai escultor, Bernini se revelou um verdadeiro prodígio sobrepujando a fama e o talento do pai já aos 15 anos com o seu belíssimo ‘O Martírio de San Lorenzo’. Para entendermos o brilhantismo dessa precoce realização cabe citar quem foi São Lorenzo. Considerado hoje o padroeiro dos chefs, São Lorenzo foi martirizado numa grelha e, dizem relatos documentados, ele disse que já havia queimado o bastante de um lado, que deveria ser virado. Segundo os relatos, ao invés do cheiro de carne queimada subiu ao ar um odor tão sublime durante sua tortura que muitas pessoas caíram ao chão e se converteram na mesma hora. Para retratar um momento tão intenso Bernini teria experimentado queimar a perna no braseiro para capturar a sensação e sua expressão no espelho para poder retratar o santo martirizado. Repetiu tal experiência queimando o braço anos mais tardes para retratar o desespero de uma alma contemplando o Inferno em ‘Alma Danada’, onde esculpiu seu próprio rosto.

'Alma Danada' (1619)

'O Êxtase de Santa Tereza' (1644-7)

Mas sua obra mais conhecida (e mais comentada) com certeza é ‘O Êxtase de Santa Tereza’, uma santa que declarou em sua biografia ter sido tocada por um anjo experimentado o êxtase espiritual. Muitas pessoas interpretam de forma maldosa, digamos assim, a expressão da santa durante a levitação de êxtase, mas Bernini, que era muito religioso, deseja com a expressão e a vitalidade da figura, fundir o desejo físico e anatômico com a transcendência emocional, já que o corpo nunca está completamente dissociado das questões emocionais e espirituais e a própria santa em sua biografia relata que o corpo tem grande parte em seus êxtases espirituais.

Detalhe d'O Êxtase de Santa Tereza

Para não me exceder em muitos detalhes mais corriqueiros deixo aqui imagens das obras que mais me inquietaram e convido o leitor a observar e se maravilhar com a genialidade do artistas. Caso queiram mais informações sobre Bernini ou História da Arte recomendo os livros que me ajudaram na escrita deste, listados na bibliografia no final.

Aproveitem e desfrutem!^^

'O Rapto de Prosérpina' (1621)

'Davi' (1623-4)
Detalhe de davi

Bibliografia

Schama, Simon – O Poder da Arte – Companhia das Letras, 2010.

Gombrich, E.H. – A História da Arte – LTC, 2008.

Hodge, A.N. – A História da Arte (Da pintura de Giotto aos dias de hoje) – Cecic, 2009.

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