quinta-feira, 7 de abril de 2011

*Cinema e Filosofia* A questão ética do filme Um Ato de Coragem

Hoje assistindo ao filme 'Um ato de coragem' (2002), estrelado por Denzel Washington, onde um pai, injustiçado pelo plano de saúde, se vê 'obrigado' a recorrer a medidas extremas - ele tranca e faz reféns os pacientes da ala de emergência de um hospital - afim de que seu filho entre para a lista de pessoas que necessitam de um transplante de coração.
O filme é muito tocante, mostrando a luta de um pai que, embora sua apólice indique que tem cobertura total o seguro se recusa a pagar uma operação muito cara de transplante de coração que o filho necessita. Aliás ainda há o absurdo de ser necessário também uma espécie de pagamento para que o menino simplesmente conste na lista para esperar um doador compatível.


Primeiro gostaria de esclarecer o significado de Ética. Segundo a Filosofia Moral, que estuda a moral e a ética, ética tem a ver com o que é 'bom', é um conjunto de regras de conduta de um individuo ou sociedade. Só pra deixar clara a diferença: moral é referente ao que é 'justo', conjunto de regras que determinam condições justas, equitativas, com respeito e liberdade para os indíviduos. Em suma, existem várias éticas, cada um tem a sua, mas a moral é o que possibilita que essas éticas convivam sem se sobrepujarem ou violarem.

Dito isso, parto para uma análise breve e simples (e mesmo leiga, já que não tenho formação em filosofia. Abordo o tema como curiosa e interessada) da questão ética no filme. A esposa exige que o marido faça alguma coisa para que o hospital não dê alta para o garoto por falta de pagamento. Num ato desesperado e irado o pai por sua vez toma de refém a ala emergencial do hospital, exigindo que o filho tenha o nome incluído na lista para o supracitado transplante. Obviamente a visão de ética do personagem foi turvada ou sofreu modificação pelas frustrações e injustiças que sofreu, levando-o a chegar às 'vias de fato', recorrendo a um ato de violência física e violação dos direitos (como a liberdade, por exemplo) de terceiros. Ou seja, ao filho dele foi negado um direito (direito a saúde e tratamentos que possibilitem a mesma), portanto, ele achou necessário 'negar' a outras pessoas seu direito a liberdade para que reassegurassem o primeiro.

É uma história bem complicada mas como expectadores onipresentes, sabendo da vida, da luta e da situação do pai, é quase automático nos simpatizarmos com ele e até procurar ver com bons olhos mesmo o crime que ele comete. Nos sentimos tocados também porque a história envolve a vida de uma criança, a ameaça a essa vida (já repararam que nos sentimos mais sensibilizados quando histórias extremas como essa envolvem a ameaça da vida de crianças?). Analisando isso tudo, damos a nós mesmos a explicação de que só concordamos com o modo como ele agiu (embora saibamos que não é 'correto', justo para outras pessoas envolvidas nessa equação) porque ele foi levado a isso por uma condição extrema, de 'vida ou morte', e que ele tinha 'boas intenções'. Se observarmos bem a sensação que temos assistindo a dilemas desse tipo é que nos sentimos obrigados a dar essas explicações a nós mesmos embora ninguém mais, a não ser nossa própria consciência digamos assim, está exigindo isso de nós. E é por isso que existe um dilema ético: embora o pai tenha infligido a moral (segundo a definição que vimos anteriormente), sentimos de que alguma forma o que ele fez, depois de todas as reviravoltas, se torna um ato ético (ele agiu de acordo com o que era certo e necessário para ele naquele momento).

Isso me leva a questionar um ponto e o deixo pairando na mente de quem lê como forma de reflexão interna: A ética é um elemento sujeito ao tempo, aos momentos e situações?


Fontes de informação para a escrita do texto:


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